Para Ver África: o olhar imperial e a criação do espaço social

Michael Southwell, University of Minnesota

O envolvimento colonial de Portugal na África durou quase 500 anos, deixando uma marca indelével ao povo e a terra ainda depois da independência. Em termos de espaço, o continente por via histórica servia como um obstáculo para as rotas comerciais lucrativas da Índia. A Partilha da África em 1884 integrou totalmente grandes extensões de território para o império. A representação da África e do africano enquadra de uma forma depreciativa em comparação com o poder português. A inferioridade da África à hegemonia portuguesa pode ser analisada em trabalhos individuais, mas não muitas vezes ao longo da existência do império. Neste trabalho, eu tenciono analisar criticamente a representação da África na paisagem e seu povo em duas obras importantes escritas por autores portugueses: Os Lusíadas (1572) e A Costa dos Murmúrios (1988). Através de uma perspectiva geográfica, esta pesquisa busca compreender como a cultura e a identidade estão representadas em um espaço imperial em duas épocas diferentes.

A geografia como disciplina tradicionalmente ignora a literatura, especialmente a ficção e a poesia. No entanto, alguns geógrafos humanistas desde os anos 80s começaram a valorizar a literatura como modo para analisar os conceitos de lugar e espaço. Os geógrafos Doreen Massey,  Edward Soja e David Harvey são conhecidos para suas pesquisas na disciplina. Ambos tópicos, lugar e espaço fazem parte integrante da geografia em que os dois conceitos servem como base para o estudo das interacções, distância e sociedade. Doreen Massey escreve extensivamente sobre o sentido de lugar e seu impacto na identidade. Em "Places and Their Pasts" (1995) Massey diz que: "places are, in fact, always constructed out of articulations of social relations which are not only internal to that locale but which link them to elsewhere" (183). Embora os locais sejam entidades físicas, eles espelham-se no social para a sua identificação e suas conexões com outros lugares e espaços.

O conceito do espaço é mais complexo porque abrange tanto o físico quanto o imaginário. A distância física entre os lugares constitui o espaço, mas  também um imaginário em que o espaço é psicológico e com base na percepção. Os aspectos físicos e imaginários formam parte da espacialidade, uma maneira nova de pensar na importância do espaço. No seu livro Postmodern Geographies (1989), geógrafo Edward Soja observa que "[s]pace in itself may be primordially given, but the organization, and meaning of space is a product of social translation, transformation, and experience" (79-80). O pensamento geográfico contemporâneo encontra-se muito preocupado com a construção social do espaço que depende das interacções e relações e que é, por isso, muito parecida como lugar. Outra perspectiva de David Harvey e seu artigo "Between Time and Space: Reflections on the Geographical Imagination" (1990) foca na importância de entender o tempo e como afeta o espaço e relações sociais (420-421). Harvey foca na cidade para entender a complexidade das identidades. O espaço pode ser construído pela cultura, a identidade e o poder; estes três elementos revelam-se úteis para descrever o prisma imperial de Portugal para a história e o tempo.

A primeira parte desta análise é dedicada à epopeia Os Lusíadas (1572) por Luís Vaz de Camões (1524-1580). Conhecido como um dos escritores portugueses mais importantes, Camões escreveu a epopeia enquanto navegava uma viagem semelhante para a Índia e outros lugares. Ele, intrigado com especiarias e outros artigos de luxo, narra sobre Vasco da Gama e sua tripulação em sua jornada para encontrar uma rota comercial para a Índia. A rota exige que da Gama para viaje ao redor da África, resultando em vários encontros com a terra e as pessoas. Embora existam várias interacções breves, muitos críticos literários centralizam no simbolismo e significado da figura de Adamastor. Adamastor é visto como um símbolo potencial de resistência à expansão e dominação portuguesa. Por exemplo, David Quint diz que: "...the giant Adamastor is a blown-up figure of the African natives and of the price that will be exacted by their resistance to Portuguese mastery and conquest" (128). A resistência é algo que fica separação entre os africanos e os portugueses. Esta explicação pode satisfazer a situação no início do canto, mas não prova que Adamastor é um símbolo da resistência africana, ao imperialismo português.

A forma física indica que Adamastor faz parte da terra. Durante o encontro com os portugueses, Adamastor diz "Aqui toda a Africana costa acabo / Neste meu nunca visto Promontório / Que para o Pólo Antarctico se estende / A quem vossa ousadia tanto ofende" (5.50.5-8). Como parte da terra, Adamastor tem uma localização e conexão com o continente. O que é importante é a diferença entre o espaço imperial (ou real) e o espaço mítico (as histórias dos deuses gregos). Adamastor parece ser um intermediário por causa de sua existência como um personagem mítico enquanto ser parte da realidade da história. No entanto, Adamastor existe como uma extensão da África com suas origens no mundo mítico, mas Camões tenta incorporar sentimentos e emoções para reforçar a importância do lugar específico. O uso da palavra ousadia também enfatiza como Camões construi socialmente o espaço onde habita Adamastor, mantendo-o assim em um locus imaginário.

O imaginário geográfico criado no Canto Cinco incorpora a existência mítica de Adamastor no confronto com os marinheiros. Ele não impede os marinheiros de continuar, mas apenas prenuncia os perigos do império (5.47-5.50). Na perspectiva imperialista, não existe resistência ou vozes da resistência. A falta da resistência é especialmente evidente na narrativa imediatamente depois do encontro: "Assim contava, e com um medonho choro / Súbito diante os olhos se apartou" (5.60.1-2). A partir da perspectiva imperial, Adamastor desparece não só fisicamente, mas com a sua história também. O crítico David Quint argumenta que, no poema, a resistência africana é assimilada no espaço mítico que Adamastor ocupa (129). A diferença entre o espaço mítico e imperial é crítica porque a partir da visão imperial, este espaço da resistência africana nem sequer está presente.

A perspectiva imperial aponta Adamastor como um símbolo do destino. Adamastor pode ver como um profeta das futuras lutas do império, destacando-se ainda mais a partir de qualquer função anterior como uma extensão da terra africana (Lipking 218). O papel do profeta também pode ser comparado com um crítico do império, tanto o bom e o mau, o que coloca a atenção no espaço imperial do mar (Banks 8). Ambas leituras desta cena fortalecem o poder imperial e negam ainda mais a possibilidade que Adamastor se apresente como um símbolo da identidade e da resistência africana. Portanto, afirmo que Adamastor não é física ou psicologicamente simbólico da África ou do seu povo, mas sim uma extensão do espaço mítico e um personagem que aparece no espaço imperial.

Prossigo analisado uma cena que incorpora tanto a cultura e a identidade dentro da perspectiva imperial. No Canto I, o português viajar até a costa da África Oriental e encontra pessoas na Ilha de Moçambique. O olhar imperial dos ilhéus culmina quando alguns deles chegam à frota portuguesa. A epopeia nota "Não eram ancorados, quando a gente / Estranha pelas cordas já subia. / No gesto ledos vêm, e humanamente / O Capitão sublime os recebia" (1.49.1-4). Esta observação das pessoas como estranhas imediatamente denota-as como o 'outro', ou aqueles que não são portugueses. Há uma conotação que demonstra essas pessoas selvagens e/ou bárbaras, visto que chegam ao navio também. Desta maneira, a sua identidade é justaposta àquela da superioridade inferida do poder português e imperial no âmbito local africano.

Bernhard Klein atribui este ponto de vista à maneira pela qual a viagem marítima da época era incerta e, geralmente, resultava em encontros com pessoas desconhecidas e descritas como o outro (171). Dito isto, a produção de conhecimento em Portugal ainda dependia do ato imperial da expansão e das viagens marítimas. O discurso do outro é também significativo porque, embora tenha lugar no espaço africano, os africanos (moçambicanos em particular) vêm à frota que engloba o espaço imperial. Este é o poder imperial que aumenta e fortalece o complexo de superioridade dos marinheiros. O espaço que ocupa o navio é seguro do desconhecido e mantém a identidade portuguesa de certa forma fisicamente separada da ilha e os habitantes.

No âmbito da identidade moçambicana, Camões escreve sobre as primeiras demonstrações do monarca da ilha (chama-se o xeique) para os portugueses:

Esta ilha pequena, que habitamos,
em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena ilha Moçambique (1.54).

A utilização da frase "como próprios da terra" é particularmente interessante em relação a quem é considerado "nativo" ou "natural" do lugar. Esta distinção cria uma separação entre o xeique e os que não residem na ilha. Embora ambos habitem o espaço de Moçambique imperial, as identidades divergentes desafiam a noção de um "outro" universal no futuro país. A ilha como um lugar pode ser entendida na sua história como lugar que reflecte as relações sociais que influirão na noção de identidade (Massey 186). A dominação dos habitantes originais pelos comerciantes árabes estabeleceu uma história social que transformou radicalmente o sentido de lugar da ilha. Na perspectiva imperial, esta distinção é menos clara, uma vez que ainda são vistos como o outro e o desconhecido.

As questões de identidade e cultura em Moçambique abrangem mais do que apenas a ilha. A diferença entre o colonizador e colonizado era profundamente enraizada desde a chegada dos portugueses, e continuou até o fim do domínio colonial em 1975. ACosta dos Murmúrios (1988), um romance da escritora Lídia Jorge (n. 1946) narra o fim do colonialismo em Moçambique na perspectiva de uma esposa militar, chama-se Eva, e as realidades que ela aprende no país.  Lídia Jorge passou seis anos em Angola e Moçambique entre 1968-1974, quando estavam conflictos grandes e movimentos para independência, incluindo a Guerra da Independência de Moçambique entre 1961 e 1974. Suas experiências podem ser vistas nos pensamentos e emoções mostradas por Eva ao longo do romance.

Cerca de 500 anos de presença portuguesa em Moçambique afectaram o imaginário do poder colonial sob os colonizados, especialmente devido ao sentimento de superioridade. O melhor exemplo disso é o olhar do povo português. O romance descreve, "O noivo abriu a janela e apareceu um cortejo rebocando um morto" (61). Os portugueses e os moçambicanos existem no mesmo lugar físico da Beira, uma cidade em Moçambique, mas eles são categoricamente separados por causa das hierarquias do poder. Mesmo um olhar das pessoas que recolhem os mortos mostra a definição simbólica do poder português por situar Eva acima da cena, pois, ela pode ver os mortos desde a sua vista no segundo andar. Em um nível mais profundo, Lídia Jorge mostra a desconexão de Portugal e o fato dos representantes deste apenas não realmente reconhecerem a presença ou a identidade dos moçambicanos negros.

O olhar colonial se estende até as imagens da Guerra da Independência de Moçambique também. A opinião dominante da guerra é a seguinte: "Ainda era muito cedo para se fechar a tarde, ainda era muito cedo para se falar de guerra, qua aliás não era guerra, mas apenas uma rebelião de selvagens" (13). O enquadramento da guerra no romance é fundamentalmente mudado tanto em relação ao controle e à intenção. O uso de "selvagens" indica que o poder colonial pode impedir qualquer tentativa de guerra ou de resistência legítima.  Esta é uma simples continuação da atitude de observar o africano como um assunto marginal cujo comportamento deve ser controlado e aperfeiçoado pelo europeu civilizado.

A perspectiva marginal dos africanos não é, entretanto, totalmente apresentada como tal. Muito cedo no romance, um comandante português descreve os equívocos da África, notando que: "As pessoas têm de África ideias loucas. As pessoas pensam, minha senhora, que África é uma floresta virgem, impenetrável, onde um leão come um preto, um preto come um rato assado, o rato come as colheitas verdes, e tudo é verde e preto" (11). Este retrato da África como um espaço mítico também estabelece uma distinção entre o português e o resto do mundo. Na perspectiva imperial, Moçambique é uma colónia, os colonizadores acham que conhecem a África verdadeira ou real. Muito parecido com o olhar colonial, o português não consegue reconhecer o papel dos africanos na fantasia sobre África.

A dicotomia espacial do espaço físico e psicológico pode ser contestada pela abordagem estilística de Lídia Jorge. A crítica Isabel Moutinho afirma que o romance é um exemplo do pós-modernismo, especialmente na narração e sua estrutura (75-76). O papel da geografia pós-moderna também desafia a dicotomia no que se refere ao espaço físico e psicológico. Este debate- o de separar estes dois espaços - ignorara amplamente o papel do social. O geógrafo Edward Soja vai tão longe a ponto de dizer "In the first place, not only are the spaces of nature and cognition incorporated into the social production of spatiality they are significantly transformed in the process" (120). Esse fator muda a construção do espaço e influencia o modo como a identidade de um lugar e seu povo são vistos.

A ênfase no aspecto social do espaço é uma partida distinta da de Os Lusíadas. A narradora, Eva, mergulha no espaço socialmente produzido por cidadãos comuns. Ela conhece Álvaro, um jornalista quem escreve sobre o colonialismo figurativamente. Em um passeio de carro com Álvaro, Eva experimenta a vida fora do conforto do hotel, ao visitar as mães dos filhos do Álvaro. Eva comenta que: "Lembrava um postal que ilustrasse uma ideia especial de progresso, de abraço entre as raças, feito nos andaimes duma casa a construir já em escombros" (174). Na sua posição, Álvaro e a sua família representam o espaço social de Moçambique—uma mistura de pessoas com uma identidade baseada na nação. Álvaro também é um exemplo dessa identidade por causa de seu nascimento em Moçambique e a alusão que ele tinha um pai branco e uma mãe negra (125-126). O espaço imperial ou concentração dos portugueses está confinado aos lugares como o hotel e o Moulin Rouge. Em outras palavras, a estratificação da identidade dentro da Beira afecta a forma como o espaço é ambos produzido e imaginado na esfera social.

O que então pode ser dito da incursão de Eva para este espaço socialmente produzido de cidadãos comuns? Helena Kaufman argumenta que Eva é uma voz marginal no discurso do outro, porque ela construi esse discurso desde o início (44). Embora reconheça seu status como branca e portuguesa, este argumento não analisa os aspectos da cultura e  identidade. Voltando ao passeio de carro, Eva serve como testemunha do espaço colonizado, mas seu olhar de colonizadora significa que ela não tem uma compreensão completa do que representa viver de acordo com o espaço social dos moçambicanos. A seguinte passagem ilustra essa desconexão:

Betoneiras redondas estavam roncando àquela hora do dia, mas o afã era pouco                  

como se os operários se tivessem deitado. Havia no ar um cheiro a cimento fresco             

quase nauseabundo. "Bom, não vai pensar que tenho a família a viver dentro                      

duma betoneira! Moram ali!" (Jorge 173).

A narração não fornece um comentário à vista do bairro, mas o olhar colonial de Eva vê o padrão inferior perante seu estilo de vida confortável. Este é um espaço que ela não deve ver, um Moçambique escondido com o qual nenhum português deve entrar em contacto. A falta de contacto mantem a cegueira dos portugueses às realidades do resto dos moçambicanos. As identidades das pessoas que habitam este bairro estão amalgamadas em uma única identidade do outro, e Eva só vê essa identidade.

A construção de Eva no discurso do outro aparece nos espaços do colonizador, e não apenas nos do colonizado. O tratamento de Helena, a amiga portuguesa de Eva, em relação à sua empregada negra Odília reforça o olhar colonial: "Vai-te embora daí!" - disse ela, sacudindo o sino. "Pareces-me uma sombra atrás da porta da minha vida!" (Jorge 119). Eva vê em primeira mão como os moçambicanos estão tratados, especialmente nos espaços coloniais. Mesmo que Odília, a empregada, trabalhe dentro da casa de Helena, seu discurso projecta-a como uma sombra. Isso pode ser comparado ao imaginário colonial, onde o papel do colonizado não importa ou não contribui para a sociedade. David Harvey descreve organização espacial como uma forma de ordenar a população e as relações sociais de uma cidade (421). Como a apropriação do espaço e do tempo era ditada pelo regime colonial, a maioria dos aspectos da sociedade moçambicana eram controlados por esta definição do espaço e tempo.

Dentro dessa definição, podemos analisar o papel de Álvaro e sua coluna no jornal. Quando o marido de Eva (Luís) lê a última ColunaInvoluntária no romance, ele reage com raiva, dizendo: "Pára! Pára!" - disse o alferes. "Quem é o gajo?" "Ninguém se conheça - é um tal Álvaro Sabino". "Pára, repete lá - quem é que empala? África empala a Europa, é ou não é?" (Jorge 248). A coluna é referenciada várias vezes, mas esta é a única vez em que Luís reage. A mensagem denuncia a presença de Portugal na África e chama atenção aos problemas na colónia. A palavra conhecer é uma referência ao fato do que o português não sabe o trabalho de Álvaro ou sua persona. Bem como Odília, ele é submetido à imagem de uma sombra no interior do espaço colonial. A acusação afiada contra a ideologia colonial é uma ruptura completa da influência e das instituições associadas com Portugal.

A coluna de jornal também levanta a questão da visibilidade. Até o momento, Luís e outros portugueses ignoraram a presença da escrita de Álvaro. Visto que ocupava um pequeno espaço, não era considerada algo de importância ou interesse. Em segundo lugar, uma vez que o jornal é controlado pelos portugueses, divulga a influência espacial colonial sobre Moçambique. Finalmente, como Madureira observa, desafia o projeto do luso-tropicalismo, o processo de assimilar todos os colonizados na cultura portuguesa (138). A identidade de Álvaro como uma representação da luta para independência mostra o fracasso de uma cultura assimilada. No entanto, a voz externa de resistência dada no final quebra o imaginário de Moçambique como uma verdadeira extensão de Portugal.

A utilização do início e do fim do império é intencional, uma vez que destaca a luta pela definição do lugar e do espaço. O poder associado com a dominação e a apropriação reflecte-se em ambas as obras. O que é mais importante é que, durante estes períodos de transição na história, a voz e a identidade dos colonizados (os africanos) estão representadas como inferiores e muitas vezes não fazem parte do imaginário colonial. Questões complexas da cultura e identidade, emanam muitas vezes desse imaginário, mas não são respondidas. A criação pós-modernista do espaço social contribui para uma compreensão mais matizada da interacção portuguesa com os africanos ao longo de muitos séculos. Muito mais trabalho na geografia literária ainda deve ser desenvolvido para se analisar criticamente essas questões, mas é a minha esperança de que a imaginação colonial nos espaços sociais agora seja plantada.

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Lipking, Lawrence. "The Genius of the Shore: Lycidas, Adamastor, and the Poetics of Nationalism." Publications of the Modern Language Association of America 111.2 (1996): 205-221.

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